sábado, 25 de julho de 2009

Para além de mim


... e rebentada em luz
tornei-me irmã
dos deuses
e dos astros
E percorro descalça o infinito.


Manuela Amaral

in Em Nome de Nada - 1996 Ed. Fora do Texto

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Venho de longes mundos
Separam-me distâncias
Trago as madrugadas no meu ventre
E a liberdade das coisas inventadas
num mundo abstraído
em tempo

Manuela Amaral
in Mulher Repetida - 1974

domingo, 12 de julho de 2009

Prefácio

Tu não sabes quem eu sou.

E a vida é muito breve
para te contar do regresso.

Sou o princípio do nada
e sou o fim do começo.


Manuela Amaral
in Tempo de Passagem - 1991 ed. Fora do Texto


segunda-feira, 8 de junho de 2009

Ode à Tristeza

Eu canto esta alegria
(entristecida)
de tanto te lembrar
e ser saudade

E a minha voz é forte

timbrada de dias

e distâncias

com as palavras todas mastigadas

(E se tristeza tenho

que me reste

não me julgues parada

ou indecisa

Cristalizei meus olhos de chorarem

e o meu olhar é firme,

certeiro ao teu encontro)

Eu canto esta alegria
de segredar-me ao vento
e seguir viagem
em direcção de ti

leve

impensada

informe

e num fluir de aragem

ser transformada em ar

Pedaço que respiras.

E nos meus dedos mansos

-veludos que pisaram

teu corpo em movimento-

vou amarrar o tempo

as letras do teu nome

E depois morrer.

Eu canto esta alegria

de saber-te

Manuela Amaral

in Esta Coisa Quase Vida - 1993 Fora do Texto