... e rebentada em luz
tornei-me irmã
dos deuses
e dos astros
E percorro descalça o infinito.
Manuela Amaralin Em Nome de Nada - 1996 Ed. Fora do Texto
Manuela Amaral - Poeta (1934 - 1995)
Manuela Amaral
Eu canto esta alegriaE a minha voz é forte
timbrada de dias
e distâncias
com as palavras todas mastigadas
(E se tristeza tenho
que me reste
não me julgues parada
ou indecisa
Cristalizei meus olhos de chorarem
e o meu olhar é firme,
certeiro ao teu encontro)
leve
impensada
informe
e num fluir de aragem
ser transformada em ar
Pedaço que respiras.
E nos meus dedos mansos
-veludos que pisaram
teu corpo em movimento-
vou amarrar o tempo
as letras do teu nome
E depois morrer.
Eu canto esta alegria
de saber-te
Manuela Amaral
in Esta Coisa Quase Vida - 1993 Fora do Texto